Mas as outra metade é silencio...
De repente, os quadros viraram sombras a sorrir no vazio da sala, sem mais aroma, sem outros risos, querendo dizer daquilo que eu tentava esconder. Aquela velha melancolia que eu carregava comigo, inutil, inexplicável, e que vez ou outra aparecia apenas para me lembrar de quem eu era. Me lembrar que na correria dos dias, eu estavam deixando muitos espaços vazios, e que eu sabia disso. E vinha, carregada como sempre, do meu próprio cinismo. Das centenas de recriminações e culpas que eu criava porque achava que amar era pecado, que amar além do muro, além do que se via e permitia era ruim. Amor sincero, afeição pura. Tanta culpa, tanto medo do que podia parecer. Tanto medo.
As paredes gritam em tantos romances lidos, e hoje...ah hoje eu entendo. Acredito, no meu mais intimo pensamento que os vazios se comunicam, se entendem. Tem alguém escutando ai...?
Quem quer de fato enxergar algo, inevitavelmente terá de olhar para dentro!